quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pais, meras bengalas

Nos dias que passam, não temos assim tanto para ensinar aos nossos.
Em virtude das horas que passamos a trabalhar e nas deslocações inerentes, cada vez mais cedo os filhos deixam de ser só nossos e passam a pertencer ao mundo, à sociedade que nos rodeia.
Os filhos entregues a outros, que, por serem outros, como nós não pensam.
Não se regem pelos mesmos valores, não se regem pelas mesmas regras e confundem nossos filhos.
Não deixam alinhar estratégias, não partilham o educar em conjunto. Surgem conflitos que não escapam ao olhar atento das crianças. As críticas (não construtivas) aos demais devem ser ocultadas para não transmitir à criança essa noção de crítica- um dia acusa-los-ão de algo pensando-se no mesmo direito.
Separar as águas é a solução. Em cada lugar e com cada qual, as regras vão variando e acredito que a confusão gerada se dissipará à medida que se apercebem que mesmo para os adultos, em qualquer organismo ou local, terão que conhecer os valores e as regras que os regem.
Aperceber-se-ão em todos os locais, em que se sintam como recém-chegados, que há que primeiro analisar como se comportam os demais para se poderem integrar e inter-agir; em cada país que visitarem fazer o mesmo e assim entender e respeitar culturas diversas.

Menino Jesus ou Pai Natal

É cada vez mais complexo dizer que a carta é para o menino Jesus (que sempre tem mais hipoteses visto ser acreditado há 2000 anos).Esse sim, segundo se consta era pobre e a felicidade vinha da introspecção e do viver em comunidade como irmãos.Há uns anos a esta parte, deixou de se falar no menino aniversariante e importou-se da América a figura caricata e enternecedora que dá prendas. Ele preocupado em fazer as crianças felizes tal como os pais gostam de ver os seus filhos.
Disse inicialmente ao meu filho que o Pai natal só dava prendas aos meninos que Jesus lhe indicava por se terem portado bem. Mais tarde, com quase cinco anos, fui explicando que essa figura era o espírito que dava posses e sentido de dádiva aos pais e que não existia fisicamente. Passado um ano, este ano, pede para escrever uma carta ao pai natal. Não quis repetir que não existe porque essa ideia deve ter vindo da escola que não é catequese. Para ensinar "dádiva", o pequeno recolhe brinquedos não estragados para entregar a orfãos. Apetece recusar criar um trauma quando souber que não existe e que afinal a vida não é um mar de rosas. Mas a história de ter de se portar bem também não encaixava com esses orfãos nem com as crianças famintas em alguns cantos do mundo. Vou alertando que é um espírito de natal que nos dá vontade de fazer os outros felizes, seja o pai natal, seja Jesus.